quarta-feira, 25 de março de 2009

Antiglobalização

Apesar das contradições há um certo consenso a respeito das características da globalização que envolve o aumento dos riscos globais de transações financeiras, perda de parte da soberania dos Estados com a ênfase das organizações supra-governamentais, aumento do volume e velocidade como os recursos vêm sendo transacionados pelo mundo, através do desenvolvimento tecnológico etc.
Além das discussões que envolvem a definição do conceito, há controvérsias em relação aos resultados da globalização. Tanto podemos encontrar pessoas que se posicionam a favor como contra (movimentos antiglobalização).
A globalização é um fenômeno moderno que surgiu com a evolução dos novos meios de comunicação cada vez mais rápidos e mais eficazes. Há, no entanto, aspectos tanto positivos quanto negativos na globalização. No que concerne aos aspectos negativos há a referir a facilidade com que tudo circula não havendo grande controle como se pode facilmente depreender pelos atentados de 11 de Setembro nos Estados Unidos da América. Esta globalização serve para os mais fracos se equipararem aos mais fortes pois tudo se consegue adquirir através desta grande autoestrada informacional do mundo que é a Internet. Outro dos aspectos negativos é a grande instabilidade econômica que se cria no mundo, pois qualquer fenômeno que acontece num determinado país atinge rapidamente outros países criando-se contágios que tal como as epidemias se alastram a todos os pontos do globo como se de um único ponto se tratasse. Os países cada vez estão mais dependentes uns dos outros e já não há possibilidade de se isolarem ou remeterem-se no seu ninho pois ninguém é imune a estes contágios positivos ou negativos. Como aspectos positivos, temos sem sombra de dúvida, a facilidade com que as inovações se propagam entre países e continentes, o acesso fácil e rápido à informação e aos bens. Com a ressalva de que para as classes menos favorecidas economicamente, especialmente nos países em desenvolvimento [19], esse acesso não é "fácil" (porque seu custo é elevado) e não será rápido.

quinta-feira, 5 de março de 2009

O estopim da Primeira Guerra Mundial


A Bósnia e a Herzegovina tinham sido ocupadas pelo Império Austro-Húngaro em 1878 e anexadas em 1908. Muitos bósnios, particularmente os sérvios, não aceitavam a a ocupação, preferindo a unificação com a Sérvia.

No final de junho de 1914 Francisco Fernando visitou a Bósnia para observar seu exército e para fundar um museu em Sarajevo. Normalmente em ocasiões oficiais ele não levava sua esposa Sofia, com quem tinha contraído casamento morganático, já que ela vinha de uma família de posição inferior na corte. Só que em 1 de julho o casal estaria comemorando seu aniversário de casamento, o que permitiu a Sofia a viagem com o marido.

O dia do assassinato, 28 de junho, é no Calendário juliano o dia 15 de julho, dia do Vidovdan, que na Sérvia se comemora a derrota sérvia perante os Otomanos em 1389. Tal dia era comemorado com cerimônias patrióticas.

A Jovem Bósnia, grupo de jovens bósnios anarquistas, estava equipada com pistolas FN Herstal, modelo 1910 e bombas fornecidas pela Mão Negra, uma sociedade secreta nacionalista sérvia que tinha entre seus membros oficiais do exército sérvio, notavelmente o coronel em Viena avisando ao Império Austro-Húngaro que a visita do Arquiduque ao disputado território da Bósnia poderia ser perigoso, principalmente pelas reações despertadas pela Guerras balcânicas (1912-1913). Tal aviso, contudo, foi ignorado. foi morto.

Os sete conspiradores eram inexperientes com armas, e só por uma seqüência extraordinária dos fatos é que foram bem sucedidos. Por voltas das 10 horas Francisco Fernando, junto com sua esposa e comitiva, saíram do acampamento militar de Philipovic, onde o Arquiduque tinha passado revista na tropa. A comitiva era composta por sete carros:

As 10 horas e 15 minutos, a parada passou pelo primeiro membro do grupo, Mehmed Mehmedbašić, que tinha se colocado numa janela para atirar. O tiro não fora disparado porque, de acordo com Mehmed Mehmedbašić, ele não tinha uma visão clara da comitiva, o que o fez não disparar e alertar as autoridades. O segundo membro, Nedeljko Čabrinović, jogou uma bomba no carro onde estava Francisco Fernando, mas errou o alvo. A explosão destruiu o carro seguinte, ferindo diversos passageiros, policiais e a multidão. Čabrinović então engoliu sua pílula de cianeto e pulou no raso rio Miljacka. Ele, contudo, foi retirado vivo de lá, e linchado pela multidão até ser levado pela polícia em custódia. Sua pílula de cianeto era talvez muito antiga ou sua dosagem muito pequena. O rio também só tinha 10 centímetros de profundidade e Čabrinović não conseguiu se afogar. Os outros conspiradores fugiram, provavelmente assumindo que Francisco Fernando tivesse sido morto.

Ao chegar na prefeitura para uma recepção oficial, Francisco Fernando mostrou claros sinais de irritação e estresse, interrompendo um discurso de boas vindas do prefeito Curcic para protestar "nós viemos aqui e as pessoas nos lançam bombas". Acalmado, o resto da recepção passou de forma tensa, mas sem incidentes. Oficiais e membros da comitiva então discutiram sobre como evitar novas tentativas de atentados, sem chegar a uma conclusão coerente. Uma sugestão de que as tropas que estavam no lado de fora da cidade fossem mandadas para as ruas foi rejeitada pelo fato de não estarem com os uniformes adequados.

Após a recepção, Francisco Fernando decidiu ir ao hospital para visitar as vítimas da explosão. Gavrilo Princip tinha ido a uma loja de alimentos, e viu o carro de Francisco Fernando voltando após pegar o caminho errado. O motorista, Leopold Loyka, não tinha sido avisado da mudança de plano e tinha pego um caminho que levaria a saída da cidade. Princip então atirou com uma pistola semi-automática FN Herstal modelo 1910 de calibre 7.65×17 mm (.32 ACP, número de serial 19074). A primeira bala perfurou o veículo e acertou Sofia no abdômen, e a segunda o pescoço de Francisco Fernando. Princip mais tarde afirmaria que sua intenção era matar o Governador Geral Oskar Potiorek e não Sofia.

Princip tentou o suicídio, primeiro com o cianeto e depois com sua arma, mas vomitou a pílula e sua arma foi-lhe tirada das mãos antes que pudesse atirar.

Durante a interrogatório, Princip, Čabrinović e os outros membros do grupo permaneceram em silêncio enquanto Danilo Ilić contava os detalhes da conspiração, incluindo o fato de que as armas tinham vindo do estoque militar sérvio.

O assassinato do herdeiro do Império Austro-Húngaro produziu um grande choque na Europa, e inicialmente houve muita simpatia pela perda austríaca. O governo em Viena viu os acontecimentos como uma forma de ameaça definitiva a Sérvia, e após garantir o apoio alemão, acusou a mesma pelo assassinato e a obrigou a uma série de demandas, conhecidas como o Ultimato de Julho. O Império Austro-Húngaro insistiu que a Sérvia deveria aceitar todas as condições propostas, algumas das quais feriam a soberania da mesma. A Sérvia aceitou todas as propostas, com exceção da que permitia que agentes austríacos tivessem o poder de fazer inquéritos em solo sérvio. Por essa recusa, o Império Austro-Húngaro declarou guerra à Sérvia em 28 de julho de 1914. O sistema da época de alianças e tratados militares forçaram então as grandes potências a entrarem na guerra até se formar a Primeira Guerra Mundial.

Oito conspiradores foram declarados culpados.Os menores de idade foram sentenciados à prisão. Nedjelko Cabrinovic, Gavrilo Princip e Trifko Grabez pegaram pena máxima de 20 anos, enquanto Vaso Cubrilovic pegou 16 anos e Cvijetko Popovic 13 anos. Danilo Ilic, Veljko Cubrilovic e Misko Jovanovic foram executados em 3 de fevereiro de 1915.

O assassinato é apontado como o ponto de partida de diversos significativos eventos do século XX. O Tratado de Versalhes no final da Primeira Guerra Mundial normalmente é dito como o responsável pela ascensão de Hitler e da Segunda Guerra Mundial. Ele também teria ajudado no sucesso da Revolução Russa, que levaria à Guerra Fria.

Contudo, mesmo que o assassinato tivesse falhado é provável que a guerra ainda assim ocorresse por algum outro acontecimento. As alianças da época e a existência de complexos planos de mobilização militar faziam com que fosse muito improvável a não eclosão do conflito em escala global.


segunda-feira, 2 de março de 2009

As invasões Bárbaras e a Igreja

Entre 400 e 1050 de nossa era, os bárbaros empreenderam diversas invasões ao continente europeu, especificamente ao que restou do Império Romano. Foram seis séculos em que se formaram os mais variados povos e civilizações, uma verdadeiro caldeirão da História onde a Igreja começou a desempenhar o papel de guia moral e espiritual desses povos bárbaros que ocuparam a Europa. Nenhuma instituição restou após a queda de Roma, a não ser a Igreja Católica.
Os povos germânicos se convertiam ao Evangelho coletivamente, seguindo o exemplo de seu chefe, como era a norma dos povos antigos. Havia muitos batizados ministrados sem a devida catequese. Por isso, esses cristãos guardaram ainda muitas das suas práticas supersticiosas o que não tornou possível àqueles povos um comportamento regrado como o que era observado nas comunidades atingidas pelo cristianismo primitivo.

Adaptado de: Uma História que não é contada - Prof. Felipe Aquino.

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

A PRODUÇÃO DO ESPAÇO DA DESIGUALDADE

O espaço geográfico é uma produção humana, que o homem o produz e o transforma para atender as suas necessidades. Mas ele não é produzido com o intuito de satisfazer as necessidades de todos os homens.
No inicio, as necessidades humanas significavam se proteger do frio, produzir o próprio alimento, caçar animais com maior eficiência, plantar, colher, etc. Era a passagem da conservação para a produção da existência humana. Posteriormente, a ocupação de territórios ocupados por outras sociedades, que guardavam riquezas, também se tornou uma necessidade, começava a disputa pelo domínio territorial.
Na Grécia Antiga, os cidadãos Eupátridas de Atenas, sentiam a necessidade de controlar o espaço da Acrópole, o centro da cidade. Era o espaço dos templos dos deuses, mas também dos negócios, restrito aos cidadãos atenienses e que não poderia ser transgredido por Thetas (que também eram cidadãos, mas de 2ª categoria) ou Metecos, que eram empurrados para a periferia. A origem dessa segregação espacial, que produz o espaço da exclusão em Atenas, está no próprio processo de construção da cidade-estado, no qual ocorreu a desagregação dos Genos (comunidades gentílicas) e a apropriação das terras mais férteis pelos parentes mais próximos do Pater - os Eupátridas.
Desde o inicio da produção do espaço pelos homens percebe-se que já existiam aqueles que ditavam o ritmo e a forma dessa construção, são os arquitetos do poder que coordenam a obra espacial. Voltando ao caso de Atenas, observa-se que tanto a Acrópole quanto a periferia são produções da elite ateniense, porque habitar os espaços periféricos da cidade-estado não foi uma escolha dos Thetas e Metecos, nem os periécos da Cidade-estado de Esparta escolheram ficar na periferia enquanto os cidadãos espartanos moravam no centro, era sim uma condição imposta por aqueles que controlavam e manipulavam o centro – os cidadãos. Cidadãos esses que dominavam e produziam o espaço da economia, da política e principalmente, da religião.
Esta construção do espaço geográfico na antiguidade guarda muitas semelhanças com a sociedade industrial contemporânea.
Com a Primeira Revolução Industrial, houve a imposição de uma nova dinâmica espacial na Europa e posteriormente no resto do mundo, através do processo de periferização do capitalismo. Essa dinâmica capitalista impunha a construção do espaço da indústria, ditado pelo ritmo de produção e reprodução do capital.
A sociedade industrial aprofundou exacerbadamente as desigualdades espaciais, desenvolvendo acima de tudo, um espaço da contradição
Quando uma sociedade muda sua forma de pensar e agir, essas mudanças refletem diretamente no espaço geográfico, sendo, pois, as estruturas espaciais resultado das relações estabelecidas em sociedade. Dessa forma, as relações sociais instituídas no contexto da sociedade industrial do século XIX, buscavam a consolidação dos interesses burgueses, que se apresentavam de forma contraria aos anseios da parcela da população, desprovida dos meios de produção de riquezas.
Foi assim que o capital provocou um imenso êxodo rural no século XVIII e XIX, com o objetivo de gerar mão-de-obra excedente para o setor industrial. Sabe-se que essa política, contribuiu de forma decisiva para um espaço urbano desigual, pois mesmo a urbanização dos paises desenvolvidos tendo ocorrido de forma mais estruturada que nos “subdesenvolvidos”, não evitou o surgimento de áreas extremamente pobres. O centro das cidades, abrigavam as fábricas e a elite burguesa, restando aos trabalhadores, empregados ou não, os espaços mais transgredidos pela miséria. Assim como em Atenas, a classe político-econômico dominante ditavam o ritmo da produção do espaço industrial, onde as relações econômicas desiguais intensificou ainda mais o espaço da riqueza e da pobreza.
O espaço geográfico mundial atual é uma realidade explicita dessas desigualdades, marcado por pouquíssimos centros hegemônicos de poder que dominam o mundo. O capital internacionalizado criou um cenário politico-econômico de favorecimento das elites, e a cada dia alargam-se as diferenças entre ricos e pobres. No mundo inteiro, a produção da riqueza cresce paralelamente à produção da miséria. Esta realidade é denunciada pela forma de organização do espaço, onde condomínios e edifícios luxuosos em lugares privilegiados, se tornam verdadeiras amenidades e contrastam com a segregação das favelas e das casas de papelão e bancos de praças que abrigam moradores de rua. No campo, empresas agrícolas, que oferecem um modo de vida urbano, contrasta com a realidade da expropriação fundiária e miséria de quem busca sobreviver no meio rural.
O Brasil é um exemplo desse espaço transgredido pela “necessidade” de produção de riqueza que desconhece qualquer compromisso com o outro. As cidades, e não só as grandes, são marcadas pelo contraste centro-periferia,onde a especulação imobiliária priva a camada pobre da sociedade do acesso aos centros urbanos e condomínios residenciais em áreas nobres. Esse contingente da população produz outra realidade espacial urbana – a favela – símbolo da subcondição humana e da ausência da presença do Estado na vida desses que cinicamente chamam de cidadãos brasileiros. Ausência esta, que é preenchida pelo tráfico de drogas, e que para o Estado, significa perda de poder sobre o território.

quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

Aquarela

De: Toquinho / Maurizio Fabrizio / Guido Morra / Vinícius de Moraes
Numa folha qualquer eu desenho um sol amarelo
e com cinco ou seis retas é fácil fazer um castelo
Corro o lápis em torno da mão e me dou uma luva
e se faço chover, com dois riscos tenho um guarda-chuva
Se um pinguinho de tinta cai num pedacinho azul do papel
num instante imagino uma linda gaivota a voar no céu

Vai voando, contornando a imensa curva Norte e Sul
Vou com ela viajando Havaí, Pequim ou Istambul
Pinto um barco a vela branco navegando,
é tanto céu e mar num beijo azul

Entre as nuvens vem surgindo um lindo avião rosa e grená
Tudo em volta colorindo, com suas luzes a piscar
Basta imaginar e ele está partindo,
sereno e lindo e se a gente quiser ele vai pousar

Numa folha qualquer eu desenho um navio de partida
com alguns bons amigos bebendo de bem com a vida
De uma América a outra consigo passar num segundo
Giro um simples compasso e num círculo eu faço o mundo
Um menino caminha e caminhando chega no muro
e ali logo em frente a esperar pela gente o futuro está

E o futuro é uma astronave que tentamos pilotar
Não tem tempo nem piedade nem tem hora de chegar
Sem pedir licença muda nossa vida,
depois convida a rir ou chorar

Nessa estrada não nos cabe conhecer ou ver o que virá
O fim dela ninguém sabe bem ao certo onde vai dar
Vamos todos numa linda passarela
de uma aquarela que um dia enfim descolorirá

Numa folha qualquer eu desenho um sol amarelo (que descolorirá)
e com cinco ou seis retas é fácil fazer um castelo (que descolori - rá)
Giro um simples compasso e num círculo eu faço o mundo (e descolo - rirá).

terça-feira, 13 de janeiro de 2009

Sobre o tempo

A vida é o dever que nós trouxemos para fazer em casa.
Quando se vê, já são seis horas!
Quando se vê, já é sexta-feira…
Quando se vê, já terminou o ano…
Quando se vê, perdemos o amor da nossa vida.
Quando se vê, já passaram-se 50 anos!
Agora é tarde demais para ser reprovado.
Se me fosse dado, um dia, outra oportunidade,
eu nem olhava o relógio.
Seguiria sempre em frente e iria jogando, pelo caminho,
a casca dourada e inútil das horas.
Desta forma, eu digo:
Não deixe de fazer algo que gosta devido à falta de tempo,
a única falta que terá, será desse tempo que infelizmente não voltará mais.

Mário Quintana