sexta-feira, 14 de novembro de 2008

A crise, suas causas e conseqüências

Por: Antônio Augusto de Queiroz* (Congresso em Foco)

A tempestade financeira, para usar uma expressão do ministro da Fazenda, Guido Mantega, ou o terremoto, como diz Ignácio Ramonet, do Le Monde Diplomatique, são os adjetivos mais amenos para qualificar a maior crise do sistema financeiro, depois de 1929.
O mundo virtual, de faz de conta, que movimenta seis vezes a riqueza mundial sem qualquer regulamentação, algo como 250 bilhões de euros, veio a baixo. Os prejuízos são incalculáveis, mas ninguém discute as causas dessa tragédia. Discute-se apenas o que o governo de cada país ou Estado fará para estancar as larvas do vulcão, que derretem mercados mundo afora.

Um debate das causas levaria, inevitavelmente, ao reconhecimento do fracasso das políticas neoliberais, que tinham como slogan, na gestão Reagan, “O Estado não é a solução, é o problema”. Porém, quando o “deus mercado” falha – e falhará sempre porque sua ganância não aceita limites – recorre-se sempre ao Estado, subtraindo recursos que deveriam ser aplicados em favor dos povos. A lógica dos capitalistas, notadamente os rentistas, é sempre a mesma: privatizar os lucros e socializar os prejuízos.

A irresponsabilidade dos banqueiros dos países centrais, especialmente dos EUA, nunca punida de forma exemplar, prejudica a todos, num efeito dominó por força da globalização dos mercados. Assim, país como o Brasil, cujo sistema financeiro estava saneado, sofre as conseqüências da crise, seja com a transferência de recursos das multinacionais aqui instaladas para socorrer suas matrizes, seja com a especulação nas bolsas de valores e no câmbio, seja com a redução das exportações.

O fato é que a crise sai do mundo virtual e atinge em cheio a economia real, com a escassez de crédito, com a redução dos investimentos e, conseqüentemente, com a desaceleração da economia mundial. Tudo isso resulta em menos investimentos e menos produção, especialmente em países cuja pauta de exportação é fundamental para o equilíbrio da balança comercial e de serviços com o resto do mundo, como é o caso brasileiro.

O desafio, agora, é punir os responsáveis e superar a crise com garantia de crédito, regulamentação dos mercados, e estímulo e apoio aos investimentos, para preservar os empregos e manter a renda das famílias, sob pena de uma grande recessão ou mesmo depressão econômica mundial.

O irônico é que somente o Estado, aquele ente que os neoliberais apresentavam como o “problema”, poderá evitar essa tragédia, fornecendo os meios: crédito, regulação e investimento.


*Antônio Augusto de Queiroz é jornalista, analista político e diretor de Documentação do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap).

domingo, 2 de novembro de 2008

Eleições? De novo? Eu não acredito!!!!

Por Luís Gustavo

Em Passira, mal saímos de uma eleição e já caímos em outra. Agora é a vez do Conselho Tutelar. Já começaram com os “santinhos”, com os carros de som, já vem tudo de novo... Calma pessoal, ainda bem que tudo acaba dia 16 de novembro.

Mas, falando sério, trata-se de algo muito importante para o nosso município, principalmente para as crianças e adolescentes, que estão cada vez mais vulneráveis à ação de bandidos, de pais e de governantes irresponsáveis, colocando em risco a integridade física e mental, assim como a vida de nossas crianças.

Esta eleição será rápida, sem muitos locais de votação, sem campanha organizada, apenas o corpo-a-corpo. São mais de vinte candidatos disputando as cinco vagas de conselheiros. E tem candidato para todos os gostos.

Cabe ao povo de Passira, com muita responsabilidade, escolher os cinco que deverão assumir por quatro anos esta tarefa árdua de tentar diminuir os índices alarmantes de exploração sexual de menores, de violência infantil, de alcoolismo, de consumo de drogas... coitados... as cobranças serão muitas, as responsabilidades maiores ainda e o apoio.... quase nenhum!!!

Pensem bem eleitores, vale apena sair de casa e votar em pessoas que de fato possam cumprir com esse papel. Não misturem a política municipal com esta eleição, não votem por amizade, por pena, para ajudar um desempregado. Votem nos melhores!!!!!

Quem Morre?

Morre lentamente
Quem não viaja,
Quem não lê,
Quem não ouve música,
Quem não encontra graça em si mesmo

Morre lentamente
Quem destrói seu amor próprio,
Quem não se deixa ajudar.

Morre lentamente
Quem se transforma em escravo do hábito
Repetindo todos os dias os mesmos trajeto,
Quem não muda de marca,
Não se arrisca a vestir uma nova cor ou
Não conversa com quem não conhece.

Morre lentamente
Quem evita uma paixão e seu redemoinho de emoções,
Justamente as que resgatam o brilho dos
Olhos e os corações aos tropeços.

Morre lentamente
Quem não vira a mesa quando está infeliz
Com o seu trabalho, ou amor,
Quem não arrisca o certo pelo incerto
Para ir atrás de um sonho,
Quem não se permite, pelo menos uma vez na vida,
Fugir dos conselhos sensatos…

Viva hoje !
Arrisque hoje !
Faça hoje !
Não se deixe morrer lentamente !

- Pablo Neruda -

Na média, estamos mal


A escola secundária vive uma crise de identidade na América Latina: deve ser porta de saída para o trabalho ou de entrada para a faculdade?
A escola latino-americana não é retrato de seus países; é pior que eles”, afirmou Juan Eduardo Garcia Huidobro, ex-diretor-geral de Educação do Chile, na primeira semana de setembro em Buenos Aires, durante o Seminário Internacional de Ensino Médio promovido pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef). No encontro, que reuniu especialistas em educação do Brasil, Argentina e Chile, ficou patente que paira um mal-estar entre os jovens sul-americanos que se traduz em desconfiança diante de uma escola que parece oferecer-lhes pouco para um mundo em constante transformação. Tanto que, de 106 milhões de jovens entre 15 e 24 anos que vivem na América Latina e no Caribe, segundo a Organização Internacional do Trabalho (OIT), 48 milhões deixaram a escola de lado e só trabalham. E 10 milhões de adolescentes e jovens adultos se encontram no pior dos mundos: não trabalham nem estudam.
No Brasil, o Ensino Médio patina na porta de entrada e bombardeia seus alunos antes de saírem. Tanto que boa parte desiste ou gasta mais um ou dois preciosos anos para terminar o ciclo. Dos 8,5 milhões de matriculados na escola secundária, só 44% se encontram na idade correspondente. No ano letivo de 2003, por exemplo, quando 3,6 milhões de brasileiros entraram no Ensino Médio, apenas 1,8 milhão conseguiram terminar o ciclo no tempo certo, três anos depois. Além dos que estão fora da escola e dos que se encontram defasados da idade ideal, as taxas de repetência (22,6%, em 2005) e de abandono (10%, em 2005) ainda permanecem elevadas, se comparadas às dos países desenvolvidos. Problemas relacionados ao fluxo escolar e à repetência continuam no continente. Na Argentina, segundo Irene Kit, pesquisadora da Associación Educación Para Todos, um em cada quatro alunos do Ensino Médio repete ou desiste da escola. Mesmo no Chile, que se encontra em situação um pouco melhor em termos de cobertura e desempenho estudantil, as gigantescas manifestações dos estudantes secundaristas que tomaram as ruas com seus uniformes que lhes deram o apelido de pingüinos, meses depois da posse da presidenta Michelle Bachelet, não deixam dúvidas: um espectro de insatisfação e inquietude ronda a escola de Ensino Médio neste canto do planeta.